I can ('t) hear you.


Liberdade de Expressão? Sim!
Ela existe, é um facto adquirido. Cada um pode dizer o que pensa, é incentivado a fazê-lo. É da liberdade de expressão que nos afirmamos enquanto indivíduos. Esta deve, no entanto, ser comedida.
Eu tenho o direito de dizer o que bem quero e me apetece, mas tenho o dever de colocar a mão na consciência e ponderar se será adequado, ético ou até mesmo inofensivo dizê-lo.

Tomemos por exemplo uma pessoa que se opõe fortemente ao aborto. Esta pessoa defende a sua causa utilizando discursos enraivecidos direccionados ao ouvinte (e por ouvinte entenda-se alguém que por ela passe). Ela tem o direito à sua opinião, mas deve ter em conta o pasado dos seus ouvintes. Quem saberse a pessoa a quem dirige o seu enraivecido discurso teve de abortar por falta de fundos para criar uma criança, por ter sido vítima de violação ou por puro receio devido à sua tenra idade?

Sou a favor da liberdade de expressão, mas com moderação.
Nem tudo o que pensamos ou acreditamos é ouro. Nem tudo é certo ou sequer lógico. Mas nós não temos, muitas vezes, o poder de avaliar a nossa opinião imparcialmente. Há alturas em que é perfeitamente possível dar um passo atrás e olhar para a ideia de manera global e objectiva, mas há outras que pensamos tê-lo feito, embora na realidade não tenhamos sido tão objectivos como consideramos.
Deste modo entramos na zona cinzenta das interacções sociais: acreditamos no que dizemos, vêmo-lo como uma verdade irrefutável e somos tentados a impingi-lo a nossa verdade aos outros que não partilham essa visão, muitas vezes sem analisar a situação desses outros. Quem fala em temas previamente formulados, também se refere ao que nos sai "disparado: comentários agressivos encharcados de preconceitos acerca dos quais ainda nem temos opinião formada.
Em que contexto?
Falar sobre morte a pessoas que recentemente sofreram uma perda; rejeitar/desprezar outras culturas que não a nossa à frente de pessoas cuja família seja multi-cultural; gozar/menosprezar o conceito de religião à frente de quem só tem a religião onde se apoiar. Os exemplos são demasiados para continuar a listar.

Escrevo apenas em jeito de apelo a uma maior ponderação ao que vos, ao que nos sai boca fora. Pode magoar. Aliás magoa, atinge, marca, por vezes permanentemente.
Não custa nada adoptar uma atitude diplomática, nem apática, nem extravagante; diplomática.

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