#3 - Boneca de Trapos



Ela era simples.
Ele religioso.
Ambos estavam no auge da felicidade. Tinham finalmente encontrado o que por tanto ansiaram e procuraram toda a sua vida: um amor verdadeiro e correspondido. Eles gostavam de se considerar parte de um grupo elite muito restrito: o dos que conseguiram atingir esse estado de plenitude, o dos que sentiam que nada mais faltava, pois estavam completos.

Ele deixou que a religião se metesse no caminho.
Ele lançou a bomba.
Ele estava indeciso.

Ela não aguentou que algo tão insignificante como a crença de cada um se metesse no caminho.
Ela cria que cada um é como é, acredita no que acredita, e o outro aceita, sem mais nem menos.
Ela quis terminar ali.

Ela foi fraca.
Ela chorou.
Ela quis o passado de volta.
Ela viu a vida mal parada.
Ela viu duas vidas em si.
Ela considerou acabar com a vida mais recente em si.
Ela deixou de ser ela.

Outra pessoa apoderou-se daquele corpo que outrora fora dela.

Ele voltou.
Ele reconquistou.
Ele aproveitou os momentos de fraqueza.

Ela lutou.
Ela vacilou.
Ela cedeu.

A esperança reavivou.

Qual boneca de trapos ela deu-se, novamente, à criança, com o objectivo de a agradar.
Qual boneca de trapos ela foi, novamente, usada.
Qual boneca de trapos ela foi, novamente, descartada.

Ao contrário da boneca de trapos ela levantou a cabeça.
Ao contrário da boneca de trapos ela decidiu.

Fool me once, shame on you. Fool me twice, shame on me.

Never again. It's a promise.
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*Bea

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